Diversos profissionais atuaram no mutirão oftalmológico levado aos municípios de Ponta de Pedras, Curralinho e Melgaço.

A Caravana Oftalmológica, que promoveu um mutirão de cirurgias em três municípíos do arquipélago do Marajó, encerrou a primeira etapa de atendimentos com um saldo de 5.252 pessoas beneficiadas em dez dias de atividades, sendo 3.889 com consultas e outras 1.363 com cirurgias oftalmológicas. Os quase 60 servidores que atuaram na ação retornaram a Belém nesta terça feira, 28. Os atendimentos itinerantes foram levados à população de Melgaço, Curralinho e Ponta de Pedras.

Para a gerente do programa Pro Paz, Cláudia Vinagre, os resultados dessa primeira etapa corresponderam à expectativa dos coordenadores do projeto." A nossa avaliação é extremamente positiva. Em cada município que chegávamos para fazer os atendimentos, era maior o número de pessoas que procuravam pelos serviços, fossem as consultas ou cirurgias, pois as noticias do mutirão repercutiram bastante e sempre de forma positiva junto às comunidades".

O principal objetivo do mutirão foi aliviar a lista de espera por esse tipo de atendimento na região do Marajó. A escolha dos municípios a receberem a caravana foi feita em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, que já havia mapeado essa demanda. Todavia, a população de municípios vizinhos aos que sediaram as ações, especialmente as comunidades rurais, ribeirinhas e quilombolas, também receberam atendimento. "Tivemos uma boa resposta da população, que pela primeira vez recebeu atendimento gratuito nessa área", explicou a secretária adjunta da Sespa, Heloísa Guimarães.

Moradora de Ponta de Pedras, dona Margarida do Espírito Santos, 56 anos, aproveitou a oportunidade e levou toda a família para o mutirão. Marido, uma filha e cinco netos foram consultados. " Assim que eu soube, trouxe todo mundo pra consultar da vista, porque isso é muito importante e é muito bom, né? A gente não pode ir pra Belém e também não tem médico disso aqui, mas graças a Deus foi tudo maravilhoso", comentou.

Uma grande estrutura foi montada para garantir um atendimento de qualidade e seguro à população. Duas carretas com aparelhos de última geração e um caminhão de apoio foram levados ao Marajó. Uma delas, a primeira unidade cirúrgica itinerante do Brasil, tem capacidade para fazer cirurgias de alta e média complexidade. "Conseguimos levar à população mais carente da ilha o que só é feito dentro dos hospitais", disse o médico oftalmologista Fábio Vieira, responsável pela infraestrutura do mutirão.

Aldemiro Pereira, 64 anos, foi um dos vários pacientes submetidos à cirurgia que puderam comemorar a possibilidade de enxergar de novo. Há três anos começou a perder a acuidade visual por conta da catarata, mas depois de ser submetido ao procedimento cirúrgico tudo mudou. "Eu enxerga tudo turvo, agora estou vendo tudo com mais clareza. Isso foi uma grande benção e eu só tenho que agradecer por tudo", disse ele.

O médico Guilherme Kiil, que integrou a equipe composta por 11 especialistas, explicou a importância desse trabalho. "Nossa primeira preocupação é tentar garantir a autonomia visual deles, para que não dependam de óculos. Assim, eles podem desenvolver atividades simples como a leitura ou a visualização de longa distância, para que retomem a vida produtiva", disse. Foi o que aconteceu com a servente Floracir Pereira de Souza, 60 anos, que pterígio no olho direito (conhecido popularmente como carne crescida), o que a levou a perder parte da visão. "Eu soube que o Pro Paz viria e aproveitei a oportunidade, pois já estava esperando essa cirurgia há três anos. Eu tinha um pouco de medo de fazer, mas das duas vezes que eu tinha tentado não tive coragem. Foi uma vitoria, porque eu já quase não enxergava", contou ela.

A segunda etapa da Caravana Oftalmológica no Marajó começa no dia 30 de maio, pelo município de Cachoeira do Arari, de onde segue para Soure (dias 02 e 03/06) e Salvaterra (05 e 06/03). "Nossa expectativa é superar a marca de atendimentos feitos na primeira etapa, já que estes três municípios concentram um número maior de pessoas e o mutirão está sendo bastante divulgado na região", destacou a gerente do Pro Paz, Cláudia Vinagre. 

Texto:
Brena Moreira - Pro Paz